O Serviço Médico Legal de Colatina foi o ponto de partida na última quarta-feira (03) para o retorno das inspeções sindicais realizadas pelo Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo nas unidades policiais do estado.
O local foi inaugurado em 10 de abril de 1999 e fica situado no alto de um morro, em uma casa residencial com um matagal extenso e um córrego aos fundos.
O ambiente é insalubre, com alto risco de contaminação, possui iluminação precária, fiações expostas, riscos de choque elétrico e incêndio, vazamento de água embaixo das macas na sala de necropsia, rachaduras nas paredes, mofos, infiltrações, estruturas enferrujadas, espaço demasiadamente pequeno, falta de equipamentos adequados para os exames de corpo de delito, ausência de armários com dois compartimentos separados para a guarda de vestuário de trabalho e roupa pessoal, falta de alojamentos dignos para os plantonistas, número escasso de policiais civis. Esses foram alguns dos problemas encontrados durante a inspeção.
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Ao todo, a equipe do SML de Colatina conta com 6 médicos legistas, uma auxiliar de perícia médica, 8 peritos, um agente de polícia, um servidor da Sejus, dois servidores do Iases e dois funcionários cedidos pela prefeitura para realização de serviços administrativos.
Esses pouquíssimos policiais civis são responsáveis por atender também aos munícipios de Itarana, Itaguaçu, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Roque do Canaã, Baixo Guandu, Marilândia, Governador Lindenberg, Pancas, São Domingos do Norte, Alto Rio Novo, São Gabriel da Palha, Barra de São Francisco, Vila Pavão, Água Doce do Norte e Ecoporanga.
Com apenas uma câmara fria com 6 compartimentos para armazenamento dos corpos, as gavetas apresentam estocagem irregular. As águas utilizadas nas lavagens dos cadáveres, o material orgânico e lixo proveniente de uso hospitalar ficam amontoados em locais inapropriados e expostos ao tempo de forma precária, sendo que esses resíduos líquidos e sólidos também são descartados na parte dos fundos do terreno e na calçada da unidade por falta de um local adequado, elevando o risco de contaminação dos policiais civis que atuam na unidade e da população que necessita dos serviços prestados.
O próprio presidente do Sindipol/ES, Aloísio Fajardo, foi o responsável pela inspeção sindical que evidenciou um quadro grave e alarmante no Serviço Médico-Legal que abrange os munícipios localizados no noroeste do estado. Aloísio disse que vai adotar todas as medidas legais cabíveis, encaminhando a denúncia ao Ministério Público do Trabalho, que já se prontificou a oficiar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para avaliar a estrutura do imóvel e decidir sobre a interdição imediata do local.
“Não identificamos nenhuma mudança significativa no SML de Colatina em comparação com a nossa última inspeção feita no local. Constatamos mais rachaduras em todo o imóvel, gambiarras elétricas, rede de coleta de esgoto precários, onde os resíduos líquidos são descartados no próprio terreno, causando a proliferação de bactérias, risco altíssimo de contaminação e danos irreversíveis ao meio ambiente”, disse Aloísio.
“Já as condições de trabalho no SML de Colatina pioraram. Faltam servidores! O quadro reduzido de policiais civis trabalha em um ambiente completamente insalubre, sem uma estrutura digna e equipamentos decentes para a realização desse importante serviço prestado. É uma total falta de respeito à dignidade humana desses trabalhadores e, principalmente, daqueles familiares que perderam seus entes queridos. Estamos encaminhando denúncia ao Ministério Público do Trabalho com o objetivo de denunciar, cobrar e resolver esse problema”, concluiu o presidente do Sindipol/ES.
FORÇA, UNIÃO E LUTA!